sábado, 23 de junho de 2007

Esse tal de desejo. Freud explica?

Um encontro profissional.
Tom de voz convencional.
Psicanalista e jornalista –
A princípio, uma conversa previsível,
Sem pistas.
Mas aí falaram de paixões.
Ela perguntou, ele respondeu,
Os olhares imaginando todas
As entrelinhas, os subtextos e contextos.
Que pessoa mais interessante,
Pensaram ao mesmo tempo,
Em silêncio, interiormente ruborizados,
Com medo de terem revelado
Muito deles mesmos.
Décadas de vida os separavam,
Mas o vigor emocional os tornava tão próximos,
Quase íntimos,
Obscenamente íntimos.
Ele ficou curioso,
Ela ficou encantada.
Quiseram ver-se de novo,
Mas ele não sabia como dizer.
Tampouco ela.
E, então, o lampejo.
Na impossibilidade de domar a alma humana
Seja com divãs, seja com reportagens,
Ambos decidiram lançar-se
Ao precipício das convicções mais profundas.
Ao mesmo tempo indagaram:
― Quem é você, afinal?

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