domingo, 1 de julho de 2007

Todo domingo tem pé-de-cachimbo!

Ou eu acabo com essa massa de beijinhos ou esses beijinhos todos acabam comigo.
Enquanto a dúvida persiste,

porque é da natureza da dúvida persistir,
porque é da natureza dos beijinhos serem devorados
porque é de minha natureza ter dúvidas e beijar e devorar

arrisco

>>>>> RAIO-X <<<<<

Meus amores
Meus tumores
Minhas dores
Todas as minhas cores
Espalhadas e mutantes
Em gritantes misturas combinadas
Um borrão no e-mail
Um vermelho vivo na boca
Um tom estranho no telefone
Uma mecha alegre no rosto
E suspiros entre nódulos internos,
De todos os sentimentos dessa gente toda,
E fibromialgias externas,
De todos os dilemas desse mundo imenso

Digo minhas, mas poderiam ser suas
Digo eu, mas poderia ser você
Em sua experiência cotidiana
De desdobrar-se –
ou você não se desdobra?


***

>>>>> DA METAFÍSICA DO SÉCULO 21 <<<<<

Não, não virem a folha
Nem abram o caixão

Talvez vocês não gostem
Do que podem
Do que não querem
Do que vão
Encontrar
Não gastem críticas em vão;
O defunto sabe que está defunto,
Só pediu um pouquinho de ar –
Assim como a página dois mil e seis,
Que perdeu o assunto e queria
Apenas publicamente
Ser livre para divagar

Queria.
Queria e abusou da liberdade.
“Isso tudo é lixo”, clamaram os sapienciais
que entendem e julgam.
“Existe um crivo a ser respeitado,
Uma marca, um limite, um parênteses.”
Arrancaram a folha.
“A consciência está morta, Deus foi morto,
não existem mais experiências”,
anexaram ao caixão, logo após
lacrá-lo.

E assim, naquela tarde de quarta-feira,
Na sala de persianas fechadas e muito papel,
Sem entender exatamente a situação,
Condenaram o que era morto a continuar morto
E o que estava vivo a também morrer.

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