segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

E ele tem olhos para que, para quem?

Eu me encontrava no nono andar de um bairro sem grandes encantos na megalópole chuvosa, febril, agitada, estressada. Reverberante, regurgitante. Cercada de luzes escuras. Eu sentia um pouco de azia, eu sentia muita solidão.

Atividades mil, o país daqui, o país de lá, são décadas de tantas vivências. Nele, cabem vida e meia minhas.

Nas minhas ingênuas fantasias, era eu a única indisponível. E, quando finalmente corrigisse essa trava gigante em minha entrega, viveria a mais verdadeira das experiências amorosas – sem romantismo, sem inocência. A narrativa mais honesta.

Porque assim eu não só seria achável como possível.
Porque, por fim, atracaria minha caravela.

Mas, subitamente, ao me ver disponível e – por isso – vulnerável, encontrei um mundo ainda mais complexo e difícil: eles eram também todos indisponíveis e quase improváveis.

Mas ele? E ele?
Ele me vê?

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