quarta-feira, 26 de outubro de 2011

desiderio


Estou áspera e rude como as paredes que me encerram nesta cela de pudores. Contenho explosões poliglotas de desejos semiadormecidos, semidespertos, seminus de credenciais. Mas sou inteira, não metades afoitas tentando um aperitivo ou um vermute. Quero banquete, ainda que único, ainda que impreciso, quero o acordo tácito para devorar. Fome e sede, ganas e garras, estrógeno correndo por todos os vasos e vistos: enlouquecimento sano, suave e sintomático – se me salvo, é claro, da desesperação desde dentro desta cela infame. A salivação já começou há tempos, como sempre costuma acontecer: dentes pontiagudos, seios pontiagudos, poros permeáveis e faro aguçado. Passa, passa, e me enlaça, me abraça, me faça e refaça. E me deixe refazer-te, inverter-te, ah, deslizo e realizo, te invento e te comento. Desenovelamos, um suspiro, talvez dois, ah,

Mas sigo áspera e rude, como e onde, quando e que, nesta cela de pudores, a conveniência e seus horrores, a convergência e todos os possíveis e exaltados amores.

Insisto? Espero?
Por agora, um sanduíche.

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