sexta-feira, 10 de setembro de 2010

La ra la da

Lara, doce Lara, andava no meio-fio, cantava a meia-voz, dormia no meio da cama e sempre estava onde dizia estar. Lara ralava cenouras enquanto meditava sobre ramos, amoras, amores, aromas, marolas – sua vida, enfim. Lara refletia sobre o nada – sabia que “nada” em bósnio (ou croata, ou sérvio) significa “esperança”? Em bósnio, nada é tudo. E tudo era justamente o nada (em bósnio) que Lara desejava. Ali estava Lara, à beira mar, na beirada das rotas e dos rumos alheios, sempre buscando uma trilha selvagem-miragem. Ah, Lara, suspirava ela para si mesma e para as joaninhas dos matos adentro, das flores afora. Ah, Lara clara, Lara escura, Lara amendoada, Lara escondida, Lara cindida. Coragem, Lara, caramelo chinelo chave chuva luva lava Lara. Laura laureada no aprender.


Dia desses, Lara assim, Lara assado, Lara saiu para passear e não voltou mais cedo, mas mais tarde. Descobrira, por fim, que era a autora e a personagem de sua própria história. Porém, não a revisora. E isso era muito, muito bom. Sus sur rou La ra la da.

Um comentário:

NelsonMP disse...

Lara - Deusa do silêncio, mãe de Lares.
Aquela que inspira uma neutralidade, um meio, um nada, umas asas, uma Alma que vai laureando de cima para baixo, até que todo o ser individualizado alcance independência e autoria consciente.
http://www.youtube.com/watch?v=Tm_l4lW111g