domingo, 28 de março de 2010

#Florescência 2

Vem me dar um cheiro, vem, minha pequena – ele, o pernambucano, recém-acordado e já totalmente atiçado, suspirou no ouvido dela, apertando sua coxa com uma delicadeza matadora. Hmmm, hmmm, hmmm. Sua nudez obscena e tão atrativa a deixou quase desmaiada. Eram raios tímidos de sol ou estrelas no teto alto, alto, tão alto... daquela casa baiana... naqueles lençóis de antigamente... sei lá, de linho ou de percal?... Estrelas, ora direis? Hmmm, hmmm... O corpo se desfazia na mesma proporção em que se aquecia: havia se transformado em água em ebulição evaporando-se? I-s-s-o-s-ó-p-o-d-e-s-e-r-u-m-s-o-n-h-o-b-o-m. Abriu os olhos abruptamente, pensou inutilmente: cadê minha camisola surrada, e se lembrou do mineiro, ali do ladinho, em seu pijama de listras grossas, roncando em dó maior, com a calcinha dela no pescoço. Oh, hmmm, oh. Aquela aliança no dedo, as galinhas no quintal, cocorococó, quáquáquá, ela nua naquele casarão, aquele pernambucano maravilhoso nela, as estrelas no teto, os lírios de plástico (da cozinha) voando docemente pelo amplo quarto... ela... ah?... eu... ai... uuuuhhh...

!!!

Condensou-se, virou chuva e desabou corpo suado, boca aberta, olho estatelado, na cama. Meu Deus. O pernambucano, aquele homenzarrão de cachinhos no cabelo, levantou-se, sempre agressivo em sua nudez asfixiante, espreguiçou-se gostosamente, recolheu umas roupas no chão e disse, com um sorrisinho maroto: Eu volto à noite, pequena.
Ela nem conseguia organizar as ideias. O que significava tudo aquilo, quem era ela, quem era ele, o que faziam naquela cama. Suspiros, longos suspiros. As estrelas, aos poucos, voltavam a ser raios de sol no teto. Não existem lírios voadores. A respiração encontrara o ritmo normal. Mas ela ainda estava atordoada. Ops. Sentiu um toque em seu seio esquerdo. Era o mineiro, acordando...


(continua em algum momento)

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