terça-feira, 25 de agosto de 2009


Dobra as dóceis pernas quando caminha, fera felina e humana,
Aninha mansidões em trechos extensos de bem-querer
E profundas indignações em cantos obtusos de seu peito circular
E caminha e caminha e caminha
Já que nunca chega e não chega nunca e nunca não chegará

Solidões são sólidos limões que correm escorrem morrem no Solimões?
Estalactites ecoam dúvidas deprimentemente individuais
– seiva: fissuras são normais

A frieza das indiferenças das incompreensões dos descompassos e dos marcapassos
socioeducativoculturais – puros sais de banho
O apelo ardente do frio lá fora clamando por coragens interditas e paciências infinitas
Na era do gelo – mero cobertor para a incessante dor
Desdobram contrastantes interações com esse tal de “mundo lá fora”
(não use aspas)

Agora: -pare com isso de ferimentos experimentos excrementos e jumentos
De quem quer que seja, sejam meus, seus, nossos, ou dele!
Cuide do bolo empantumado no forno de suas – não minhas – excomunhões
Pare, pare, pare de falar de cumprir de exibir de esculpir obrigações,
Por que não me rasuro de suas contas caras do passado?

Paz, pelamor, paz
Silêncio, sêclemente, ouvidos

Fera felina caminha e caminha, caminha as dóceis pernas que se dobram
Na dor no salto no bote no desapego na oração e na morte
São vastas vastas vastas essas trajetórias inconclusas e difusas
São vastos vastos vastos esses ires e voltares em tons estelares
Novos grandes largos frescos ares
Ah, humana felina santa cruel princesa enternecida,
Dama e bruxa no beabá.

Quase, quase, quase e lá
Um horizonte ofuscado pelo tempo kairós de uvas sem caroço e de mulheres sem moços
Um heróico esforço de delicadamente mastigar
O fulgor o estupor o pavor o temor de ultrapassar
A fronteira entre o existir e um inevitável eternizar-se.

Nenhum comentário: