quarta-feira, 28 de outubro de 2009

clandestinos

Ele disse.
Ele também disse.

" "

Ele retrucou.
Ele igualmente retrucou.

--

Ele afirmou.
Também ele afirmou.

.

Ele perguntou.
Ele igualmente perguntou.

[ ]


Estavam ambos sentados nos degraus de um desses centros comerciais meio clandestinos, mais de 10h da noite, garoa fina lambendo a cidade, uma densidade inóspita na fadiga paulistana e eles dois ali, sentados nos degraus, meio clandestinos, diante de um centro comercial fechado, sob a garoa, no meio da cidade, mais de 10h da noite, sentados em degraus meio clandestinos, pois se encontravam na mesma situação: o amor entre eles era tão ardido, tão ardido, que nenhum queria tomar para si a responsabilidade. Amar, arder, arder, amar, sempre meio clandestinos, sempre em degraus, nunca num plano, um mesmo, o deles, garoando um no outro sempre, sem banhar, sem secar, só espirrando-se. Na noite. No meio da cidade.


Daí o excesso de discurso.
Ele foi.
Ele também foi.

Os dois. Embora.

Um comentário:

Patrícia Lara disse...

OLá!

Navegando por esses mares encontrei o seu porto. Belo achado!

Vc escreve muito bem. Me detive aqui por alguns longos momentos, lendo os seus textos e me deliciando. Parabéns!
Voltarei mais vezes para ler-te.

Um abraço e tenha uma semana inspiradora.

Patrícia Lara