quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

*primeiro*de*ano*

(MFV, 09)


Eu me lembrei.

Me lembrei daquele dia na piscina, você de braços abertos, peito pedinte de abraço, eu sereia de tudo, misteriosa em meus sentimentos até para mim mesma. Água conduz corrente elétrica?

Me lembrei daquele dia na praça, sentemos para ver a tarde bonita, diante da igreja, feito cidade do interior. O banco verde reluzente e convidativo. E as bermudas de ambos manchadas com a tinta fresca. Tudo, na verdade, parecia fresco. E manchava, e borrava, e coloria as expectativas todas. Ah, verão. Ah, ano novo...

Me lembrei do caldinho de feijão que bebia enquanto você falava um monte de bobagens nas quais eu não estava interessada. Estava vidrada no mais desajeitado de você, que me parecia tão charmoso, só que você jamais se daria conta disso. “Puft, puft”, eu fazia, e você seguia falando. Como uma locomotiva velhota, nós dois, e nem éramos clowns.

Me lembrei de quando apareci de vestido vermelho e você só me disse: “Meu Deus!” Havia uma champanhe em sua mão, que ficou para depois. Usamos taças, eu me lembro, e não tecemos nenhuma consideração. Saúde! Hehehehe.

Me lembrei de que não foi nada de mais, mas que assim mesmo o ano que se seguiu foi muito bom. Como se tivéssemos, os dois, ligado um vaporizador de frescores e sabores em nossas vidas meio tortas, meio opacas. Porque nos abrimos ao improvável.

Alguém me desejou boas surpresas nesse-novo-ano-que-começa-agora e, bem por acaso, foi disso que me lembrei.


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