sexta-feira, 18 de abril de 2008

~*~ NAMORABILIDADE ~*~

(MF, 2007, Mar Mediterrâneo)




Namorabilidade me lembra disponibilidade, me lembra mar, me lembra amora, me lembra namoro e amor. Ter tudo isso junto não é tão fácil -- acho que há muita gente que namora sem namorar, apenas para fugir da solidão triste e stricto sensu que é essa sensação de desencontro com a própria alma.



Namorabilidade também me recorda habilidade, hora e nanar: um lançar-se ao outro, aos braços do outro, partilhando no momento certo o encanto, com ternura, num tempo de delicadezas. Não acho que estejam todos prontos para isso, embora os rótulos anti-Clarice (que já avisava: "por não andarem distraídos...") sejam grudados em relacionamentos superficiais e medíocres numa vã tentativa de mentir para eles mesmos: estou infeliz, estou namorando. Ou vice-versa. Na namorabilidade cabe saudade, cabe vida. Vida de verdade, não mortos-vivos disfarçando-se de casaizinhos quando estão, na verdade, noivos cadávares atrapados a suas dores e neuroses.



Namorabilidade é para os corajosos. Porque os medrosos, covardes e banais contentam-se com os vapores baratos de um relacionamentozINHO, frisando com orgulho cheio de cólicas o diminutivo. Porque talvez fujam do afeto, fujam das perguntas pessoais e das confissões íntimas, fujam do sexo a dois (transam com eles mesmos, sempre, e para eles mesmos), não bebem na mesma taça, não dividem o sanduíche, talvez fujam das almas.




Namorabilidade traz disposição para os riscos, risadas e lágrimas. E se instala quando você já se namora. Namorabilidade pressupõe um reconhecimento de si mesmo -- de suas fronteiras, de suas montanhas e vales, de seus rios e tormentos, de suas aves endêmicas e borboletas raras. Namorabilidade tira o pavor de perder o sonho-vôo-solo e lhe presenteia com a possibilidade do conjunto.




Olhe e enxergue. Quem sabe você comece a aprender as pegadas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Só vale a pena namorar, se assim for!

Débora Didonê disse...

Namorabilidade é para os corajosos. E antes de se ter coragem para o conjunto, é preciso ter coragem para assumir, dentro de si, a vontade de partilhar, de ter e dar, de ser e estar, de sentir, cheirar, tatear e deixar-se levar. Sem medo, sem nãos. Agora.

Euaqui disse...

Ma-Capitu-fê,

é primeira vez que visito seu blog. Um pecado eu sei. E adorei o que consegui ler. Sobre namorabilidade só posso dizer uma coisa: nada como fazer 30 anos, hein? Beijos muitos, Karina

Anônimo disse...

LINDO!!!