Queria expressar meu apoio às populações do Tibete e da Palestina (territórios ocupados e Gaza) que vêm sofrendo com boicotes e repressões há longo tempo. Repudio o processo de ocupação silenciosa (e muitas vezes disfarçada) de Israel, que continua tomando terras pertencentes aos palestinos dentro e fora de Jerusalém e vem minando gradativamente a economia palestina, tornando-a dependente e frágil. Israel tem o direito de existir, sim (os países árabes que o cercam que calem a boca), e de promover a dignidade entre seus cidadãos -- mas não de perpetrar um novo holocausto, com direito a guetos e tudo o mais.
Repudio com mais vigor a China, aplaudida por baba-ovos e paga-paus de várias espécies (incluindo boa parte da mídia nacional) por seu crescimento econômico...oh!, sua arte inventiva e cheia de frescor...oh! E os pobres coitados, em regime de semiescravidão, no interior rural dessa grande China? O verniz é desenvolvimento econômico, porém o conteúdo está podre. Recomendo "Still Life" ("Em busca da vida"), do Zhang-ke, para os ingênuos. Em relação aos tibetanos, o posicionamento da China é desumano e execrável. Hoje, na BBC, discutiam por que o comitê olímpico deu ao governo chinês a chance e os louros de organizar uma Olimpíada lá. Uma das premissas para a concessão é a garantia incondicional aos direitos humanos. Já se sabia que o conceito "direitos humanos" parece não fazer parte do governo chinês. O membro do comitê, um inglês grisalho, saiu pela tangente e não respondeu nada.
Em 10 de dezembro completam-se 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Diariamente milhões de indivíduos são desrespeitados, em diferentes níveis, em seus direitos mais básicos. Dá para se acreditar num mundo como o nosso?
Não fazemos nada. Ah, fazemos sim: as unhas, chapinhas no cabelo, lipoaspiração, a compra de um novo carro e de um novo celular, gastos extraordinários no cartão de crédito, sexo sem camisinha, pequenas atitudes mesquinhas com nós mesmos... fazemos também, todos os dias ou quase, cocô. Mas, infelizmente, é de outras bostas que falo aqui.
Acho que a vida de cada um, especialmente a dos mais egoístas, deve ser muito, muito, muito interessante e feliz e cheia de sentido e satisfatória e prazerosa e linda. Uma vidona mesmo, para que eles fiquem tão ou totalmente entretidos com ela e dêem de ombros para o restante do universo. Que se danem os palestinos, eu quero acabar com minha celulite. Que se danem os tibetanos, eu quero comprar um Ecosport ou carro que o valha. Que se danem os brasileiros, os outros brasileiros, pois eu quero é plantar uma árvore da fortuna no meu umbigo.
Depois, não me venha pedir atenção.
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Recomendo urgente leitura de:
http://www.reporterbrasil.org.br/
http://www.amnesty.org/
http://www.un.org/spanish/millenniumgoals/index.html
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