O homem atrás do sobrolho
Só veste preto e empreteja tudo
Porque nunca conseguiu explicar
Seus próprios desejos
(tem medo do que eles possam
vir a revelar, tsc, tsc)
O homem atrás do sobrolho
Também fica atrás da cortina
Querendo espiar o sol
Justamente o sol?
Que tanto o incomoda em sua sombra
sobrancelha
O homem atrás do sobrolho
Toca guitarra e ouve incansavelmente
Um certo blues
Mas pouco ouve aquilo que mais quer
Escutar
(ele quer o azul buscando o preto...
*suspiros*)
O homem sério e irônico atrás do sobrolho
Atira pedras em tudo aquilo que não gosta
Por isso, tem um arsenal delas nos rins
− mas, um dia, me disse que sentia dor
quanta dor
O homem atrás do sobrolho
Fingiu que não me viu
Seguiu em seu disfarce de onda
Ansiando coincidências perfeitas
Porque ele mata a própria vontade
Sem, para isso, usar os desejos
Apesar de tudo,
É esse o homem que eu amo.
Quando amor é substantivo masculino indefinido do caso oblíquo.
((Poemeto antiguinho, recém-saído do armário onde ficou por tanto tempo quanto o muso inspirador. Nesse tempo de mudança, de deixar ir, esses escritos também precisam sair. Foi um Ulisses. Saudade dele. Quando eu ainda misturava carência com bem-querer, mesmo querendo só querer bem, bem, bem.))
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