segunda-feira, 17 de setembro de 2007

dia de encolhimento e... ai! doeu.

Não foi só a temperatura externa que caiu.
Bem que hoje podia ter apenas 22 horas e aí já tinha acabado.
Frio. Frio.

"Concierto de Aranjuez" explodindo no toca-CDs, finalmente!, dissolvendo as fibras todas desse coração muscular hiperplásico (embora encolhido nesse momento). Já nem sei mais para onde sou transportada. Longe, longe, ou nessa proximidade tão incômoda de mim mesma, instalada entre o suspiro e o pensamento. Não pense.



Sinta a pulsação. Preste atenção, ó. Existe um pulso que nos une.
Só a pulsação.

Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( ) Tum ( )



Meu ritmo hoje:
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


"Os pés distantes dos sapatos. Era evidente que os sapatos rasos, à homem, que Mylia usava, obedeciam ao movimento dos pés. Ossos e músculos têm vontade, o material de que são feitos os sapatos não. O material de que são feitos os sapatos é treinado para obedecer, sobre isso não tinha dúvidas. Obedeçam sapatos, murmurou Mylia, com uma perversão ingênua. Como as substâncias se separavam logo à partida entre as que avançavam com a vontade própria e as que esperavam com obediência estática (e nisso dividiam-se os homens)! Os sapatos eram a obediência pura, a escravidão mesquinha, enojavam-lhe naquele momento; a sabujice destes materiais em relação ao homem." (Gonçalo Tavares, "Jerusalém")


Ainda bem que ando descalça.
(é por isso, acho, que sinto frio em dias como hoje)

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