domingo, 30 de setembro de 2007

Cinestesia

Esses pistaches que agora como
Na frente da janela, cortina esvoaçante,
Nuvens afetuosas,
Têm o gosto de você.

Mas você também está no mel do chá,
Água esquentada na panela,
Xícaras gêmeas, vermelhas,
Mel que vai adoçando devagar.

Tem você na cerveja e água com gás
Misturadas à saliva e às solas dos nossos pés
Na quentura de uma madrugada bêbada e pueril,
Que tem sua temperatura.

Tem você quando eu fecho os olhos
Tentando dormir e você me povoa,
Tapando meus poros e me fazendo ofegar.

Você reaparece na letra de tango,
Um tanto alegre e rebolada,
E preenche o palco com seus trejeitos
Que me seguram, leve,
Junto ao seu corpo.

O som de todas as canções do mundo,
Nesse momento,
Carregam você de lá pra cá e de cá pra lá.

Então me resta aceitar
A eternidade de você
Você na minha existência
Existindo o tempo que tiver de durar –
Esse é meu presente,
Repetitivo que seja,
Permanente e instantâneo.

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