Ela era a mulher da saia rodada e florida, do sorriso no rosto, do belo buquê de gérberas cor de rosa nas mãos em pleno lusco-fusco. Era ela.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
ela ela ela e ele?
Andava, andava e encontrava, encontrava e perdia, se perdia, escorregava e caía, caía, sorvia o dia ensolarado, a luz quente, o vento trêmulo, o corpo ardente, andava, andava e via, via o mar, via as gentes, via seu reflexo nas botas, nos asfaltos, nas folhas úmidas e amassadas das calçadas anfitriãs, tão estrangeiras quanto essas fantasias vorazes que a consumiam. Consumia, consumia e cuspia, cuspia e desejava, desejava e negava, negava a negação alheia, as correias, as deles meias, as suas cheias, regurgitava faceira, disfarçava de todas as maneiras. Ao mesmo tempo, revelava-se, revelava-se e escava, escavava e descobria que quase sempre se sabotava, se sabotava e fugia, fugia e voava, voava e se decepcionava, porque se iludia, iludia e sofria, para depois frequentemente recomeçar. “A vida é assim, isso está passando comigo também, gosto de outro alguém, não gosto de você.” Tampouco gostava dele, só ansiava, ansiava e masturbava-se, no fundo se queria, a si própria completa, intensa, imensa, lançada no oceano de um outro, não aquele. Quase se equivocava de novo, rançoso e velho, velho e carcomido, fingido e substituto. Andava, andava e buscava, sorvia o dia ensolarado, a luz quente, o vento trêmulo, o corpo ardente, as construções imponentes, pequena diante, grande em frente, potente, nas largas avenidas tão cheias de histórias e de curvas e de esquinas e de gente e de reflexos e de convexos e de mundos minúsculos e complexos. Achava, achava-se, amava-se, ausente, presente, consciente, paciente. Seguia. Seguia e continuava, não desistia. Diferente. Ela. Ela. Ela.
E ele?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
impossível não amar teus textos.
tanta cadência, tanto sangue e vida.
e esse me lembrou o fio de uma ariadne saindo do labirinto de sua psiquê. bjss!!
amo sua intensidade.bjs
Postar um comentário