Ela era a mulher da saia rodada e florida, do sorriso no rosto, do belo buquê de gérberas cor de rosa nas mãos em pleno lusco-fusco. Era ela.
domingo, 27 de junho de 2010
coisas que esquecemos pelo caminho
Entre os sentimentos em desuso, amontoados num canto do coração, sentimentos esquecidos sob a luz escura dos fundos, alguns com certa poeira, outros com certo desdém, encontrei aquela ternura com caimento quase perfeito que descobri, em meio a poesias e exemplares da arquitetura franco-árabe, em 2006. Comíamos pistaches – não tão bons quanto os de Istambul – e falávamos de amor. Beijamo-nos em La Goulette, vendo o mar, o céu estrelado, promessas de um novo mundo. Perdida, entre quereres e decepções, entre ausências e silêncios alheios, estava a lembrança daqueles olhos azuis que me tiravam do anonimato e me nominavam: mulher. Talvez eu já tenha encontrado aquele cujo encaixe parecia exato, embora não fosse totalmente; mas, na imperfeição doce de nossas identidades, nos encontrávamos com nós mesmos e um com o outro. Ele, contudo, me enchia de porquês enquanto o que eu mais queria era desfrutar daquelas pequenas descobertas sensoriais que vinham à tona quando estava lá, a seu lado. Por fim, deu a lógica: eu aqui, ele... quem sabe. Sou eu quem guarda essa pequena trança colorida, iniciada em 2001, retomada em 2006 e ainda inacabada. No fundo do armário, quase mofada, sem utilidade definida.
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Um comentário:
A "lógica" diz que os fios da "trança colorida" são igualmente importantes: o fio físico das "pequenas descobertas sensoriais", o das vibrações emocionais, o fio dos "porquês" mentais, e aquele mais fino que representa os sentimentos da alma.
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