Se Fatih Akin não tivesse filmado "Do Outro Lado", seria necessário inventá-lo de algum outro jeito.
Embora os mutantes da Terra da Fantasia apontem os desdéns de sempre -- excesso de esquematismo, lógica forçada, excesso disso ou falta daquilo, ah, os movimentos de câmera que... --, há uma pungência nesse longa que está muito acima das coincidências que põem todos os personagens na mesma cadeia de eventos. Isso, aliás, é irrelevante. Só a cena final, de Nejat diante do mar, é um curta por si só. Um verso e uma história. Uma meditação sobre o ser e o nada, o sentido da vida.
A profundidade desse filme faz das emoções dos personagens as minhas, sim, e as minhas também se tornam as do personagem.
Talvez os habitantes da Terra da Fantasia jamais tenham experimentado questionamentos verdadeiros sobre a identidade -- estão mais preocupados com a 'fotografia dura' ou um mal uso do contraplongée. A esses mutantes: cuidado com o esquematismo de suas críticas. As lógicas forçadas que sustentam seus textos. Essa arrogância intelectual que traz impotência. Essa distância segura e não-contaminada que vocês impõem a nós, leitores. Cuidado...
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