sábado, 16 de maio de 2009

passos, paz, sopas

Parece sempre inevitável empreender mais uma etapa dessa travessia que não tem fim, que é eterna. Travessias se completam, mas não terminam e, quando compreendi isso, atingi a outra margem do rio. Uma epifania.

As reverberações se acumulam como camadas de um doce de distintos sabores delicadamente combinados para uma experiência sensorial inigualável. As vivências ganham vida a cada sono meu, quando se nutrem de lembranças e inconsciências registradas, e aí saem para o mundo sob a forma de, sob várias formas. Eu vou sendo cada vez mais, quanto mais estou, sou, e se sou bastante estou ainda mais larga e grande, sempre um pouco mais.


A menina queria ser escritora, a adolescente queria desbravar o mundo e a junção das duas resulta numa mulher de oceanos e sertões, de desertos e florestas, de riachos e pássaros, de casas e prédios, pés e asas, ventre, ventre, ventre, sangue, sangue, sangue e sonhos de luz. Muitíssima luz.

Não acho que precise entender tudo milimetricamente em termos palatáveis e vendidos em saquinhos lacrados. Me fiz amiga do mistério e do imprevisível e, enquanto não sei ainda quais serão meus tons na antemanhã, aventuro-me simplesmente em mais um bocadinho de travessia que se apresenta, que invento ou que a vida mesma arrebenta em minha frente, como pipoca. E eu desfruto, claro. Com gosto.

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