para a querida amiga Ana Paula Minehira
I.
Tiroteio
Trânsito carros bancos santos praças
Camelôs camelos túneis montanhas sanhas
Dinheiro ganância estilhaços cansaço
Apelo
– não, por favor –
Um tiro
Corta cabelo corta cabeça catapulta
Arma na mão algemas no chão dignidade
Medo barulhos escuro ódios perdões
Senões
– por favor –
Outro tiro
Respiro reféns nenéns somas comas
Corrida carreteira desespero destempero
Planos fugas fumos insumos suspeitos
Pleitos
– e se...? –
Três mortos, onze feridos, e os bandidos.
II.
Um policial que sabia realizar partos emergenciais. Soldado Lamas.
Um motoqueiro chamado Leandro.
Um criminoso. Que tinha nome.
Três cruzes pregadas no asfalto seco e gélido de um chão manchado de sangue.
Chão que já não é mais de ninguém.
Qual? Quem?
Bancários e clientes de uma agência bancária.
Mulheres numa casa da zona norte.
Um carteiro, um estudante.
Uma mãe e sua filha ao volante.
Os tiros, os olhos dos homens alucinados
A fuga, a fuga agonizante.
– Quero seu carro.
– Quero minha vida.
Um instante, quem sabe o quê da vida e das horas?,
O tempo é quem decide.
Meu Deus, é Deus,
Não somos nós,
A quando pertencemos?
Lágrimas com susto com medo com desespero
Com alívio com generosidade com agradecimento
Com alento com momento com sentimento.
Estamos vivas, oh,
Quanto vale a pena.
E a vida o que é, cantava Gonzaguinha,
– nada de tiros –
Ela é a batida de um coração!
III.
Nasci de novo e descobri que amo.
E que quero preciso vou
Dizer às pessoas que amo
Que eu as amo.
Porque o tempo da gente
Cabe no instante entre uma batida do coração
E outra.
E esse tempo não nos pertence.
Amém.
Um comentário:
amém.
vida.
amor.
esperança.
:-)
bjos
Ana
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