Outro para o T., que me fez (positivamente) aprimorar meu olhar
À primeira vista, um estranhamento. Atração e concorrência. Ambos isso, ambos aquilo na fantasia deles. Uma aspereza, uma pseudo-raiva, uma falsa quase-repulsa, um encanto. Era medo, era o quê? Até que, sob o reflexo da luz artificial na piscina, a epifania: Lucia e o Sexo, o filme, latejante nas mentes cinéfilas e nos corpos calientes de todos os runs, de todos os rumos. Coqueiros, estrelas, Cuba. Eram apenas eles dois, na Cuba deles, achados e perdidos.
Veio, então, o segundo olhar, outros encontros, tentativas de entrega e de entendimento. Havia uns descompassos, uma rudeza da parte dele, uma atitude sensível porém grudenta da parte dela, mas a vida fluía por meio de seus beijos e olhares. Fluía. Dava a sensação de brotar como flor. Arriscavam-se, do jeito deles, no equilíbrio do bem-querer.
Um dia, choveu. Choveu e esfriou, embora o ar seguisse abafado e denso. Ela sentiu que algo dentro dela, de vidro e tão frágil, acabara de se partir. Doeu, doía. Tentou refazer as formas, capturar o sentido e o sentimento. Contudo, o ar escapara e parecia impossível trazê-lo de volta. Não seria mais aquele ar. Se o mesmo havia se passado do lado dele, ela não sabia. Intuía apenas que seu barco, por algum desses mistérios insolúveis, tinha mudado de mar ou de rio, de proa ou de vento, e seguia para um lado diverso. Ela estava grande demais – e não entendia por quê.
Um dia, quem sabe, o mar, o rio, o vento, a proa, a epifania.
Uma luz artificial na piscina.
Runs, rumos.
Serão outros dois, ambos, mas também achados e perdidos.
Um comentário:
Que lindo... estou adorando todos os seus posts! bjs! Duda
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