Aquele dia você me viu de vermelho e logo intuiu que havia algo aí relacionado com amor. Dizem que o amor é lilás, na verdade, que o enamoramento seria róseo e que as paixões e loucuras do desejo oscilam entre o vermelho e o bordô. Importa? Não sei. Aquele dia você me viu, me viu de vermelho, e logo lhe ocorreu a imagem de um caldeirão medieval, comandado por uma bruxa muito sexy, dessas com decote e cinta-liga, misturando uma agressividade animal com uma delicadeza de anjo. Borbulhas, borbulhas, a mistura ferve, e em seguida se acrescentam atitudes masculinas a um ventre feminino. Sangue, muito sangue, sangue humano, sangue de mulher. E unhas, unhas compridas. A mistura borbulha, borbulha, fervente. Enquanto a bruxa sexy cuida de sua poção mágica – pitadas de lucidez, pitadas de Deus, fagulhas, muitas fagulhas –, chega o Homem. Entra discretamente. Homem – cabeça, barba, coração, pênis, pernas, pelos, sêmen, intestinos, inteligência, faro, testosterona, cabelos, pés, mãos, ossos, músculos, força, fé, fome, ternura, compreensão, homem. Ele. O homem arquetípico. O imperador? O sacerdote? O louco? O Homem olha a bruxa – bruxa não no sentido atual e mau, mas principalmente na síntese de Lilith, desafiadora e voraz – e ela se surpreende com a presença do Homem.
O decote é apenas um convite.
O homem não é apenas etéreo: ele tem uma ereção.
Os lábios. Os lábios dela estão vermelhos, tintos, veementes.
As mãos. Dele. As pernas. Dela.
Ventanias nos ventres.
Vozes, gritos, sussurros, músicas.
A mistura ferve, ferve, ferve. Borbulha, borbulha, borbulha.
Algo se passa ali: algo cai no caldeirão. Não se sabe se é suor, se é gozo, se é saliva. De um deles, de ambos.
Aquele dia você me viu de vermelho e intuiu de onde venho, de que sou feita. Aquele dia lhe ocorreu a imagem do encontro da bruxa com o Homem. Aquele dia você riu, um tanto bêbado, um tanto pícaro – indecente, eu diria. Ah, o amor? E gargalhou. Eu vestia vermelho e me alimentava de vinho. Vinho e açúcar, açúcar e espinhos.
Pois é, há aí algo relacionado com amor. Ou com as paixões, o desejo. Tudo ficou evidente naquele dia... Naquele!
O decote é apenas um convite.
O homem não é apenas etéreo: ele tem uma ereção.
Os lábios. Os lábios dela estão vermelhos, tintos, veementes.
As mãos. Dele. As pernas. Dela.
Ventanias nos ventres.
Vozes, gritos, sussurros, músicas.
A mistura ferve, ferve, ferve. Borbulha, borbulha, borbulha.
Algo se passa ali: algo cai no caldeirão. Não se sabe se é suor, se é gozo, se é saliva. De um deles, de ambos.
Aquele dia você me viu de vermelho e intuiu de onde venho, de que sou feita. Aquele dia lhe ocorreu a imagem do encontro da bruxa com o Homem. Aquele dia você riu, um tanto bêbado, um tanto pícaro – indecente, eu diria. Ah, o amor? E gargalhou. Eu vestia vermelho e me alimentava de vinho. Vinho e açúcar, açúcar e espinhos.
Pois é, há aí algo relacionado com amor. Ou com as paixões, o desejo. Tudo ficou evidente naquele dia... Naquele!
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