Ela era a mulher da saia rodada e florida, do sorriso no rosto, do belo buquê de gérberas cor de rosa nas mãos em pleno lusco-fusco. Era ela.
sábado, 27 de março de 2010
Dos trópicos e do amor
Ele era um índio.
Ela era uma branca.
Mas, ao contrário dos anais da história da América Latina ou dos fundos de armário de Hollywood, ela não era européia importada. E nem ele era índio incivilizado.
Ambos eram filhos do mesmo continente, do mesmo hemisfério, mas não das mesmas fronteiras ou do mesmo mar.
Ele era pacífico.
Ela era atlântica.
Falava-se espanhol dali, português daqui. Sorrisos, mãos, humor.
Foi ele, o índio, quem pediu um filho a ela, a branca. Ela apenas riu.
Os dois reconheciam o sagrado que exala da concepção – e não tinham pressa.
O tempo das coisas, as estações, as monções, o dia e a noite.
Foi ela, a branca, quem disse sim a ele, o índio, pelo filho que ele lhe queria dar. Ele apenas olhou com candura.
As mãos tostadas agarraram-se às brancas.
As bochechas rosadas engordaram-se em mais um sorriso junto à tez morena.
Houve um beijo, houve chuva, houve caravelas, velas, arco-íris e vulcões. Um fluxo de cores, de etnias, de relatos humanos entrelaçados naquele ato.
Houve toda uma história continental, a história de conquistas, conquistados e conquistadores, reescrita e recontada, de outro jeito, sem sangue ou espadas, sem navios abarrotados de esperança e pobreza, apenas repleta de amor e de curiosidade.
Com a bênção dos trópicos, com a bênção.
Um índio.
Uma branca.
E um mestiço, filho legítimo da porção sul continental do lado ocidental do planeta, filho da terra, artista da Amazônia e da Patagônia, com mãe e pai e os genes todos do mundo: um latino-americano.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
A construção da identidade latina americana é mesmo fantástica, uma pena que Hollywood não sabe aproveitar isso devidamente...
Uma completa história de amor, que poderia ter muito bem acontecido =)
Acho q a única coisa q impede é a barreira linguistica rsrs
Adorei, bem leve, cálido, suave... uma forma diferente de abordar o amor. (e a trilha sonora ficou fantástica ;)
Postar um comentário