segunda-feira, 27 de abril de 2009

navegante


os passos, a princípio temerosos, aos poucos ganham ritmo conforme os olhos se adaptam ao não-enxergar visível. no breu, todo o resto enxerga. só é preciso tempo. aguardar, com alguma paciência, que os sentidos outros se revelem ao cérebro e ao coração. e aí se logra ver. ver outras coisas, de outro jeito, com outros sentidos. no escuro, o claro fica evidente, o céu se estrela e as estrelas se encielam. e não existe nem certo nem errado, nem espaços taxativos, porque tudo pode ser e não pode.

os passos ritmados pisam charco, pisam troncos, pisam grama, espantam sapos, fazem cantar as corujas. o rio passa também, ao lado, no abismo ou na beira, quem sabe? saber racionalmente pouco importa, pois tudo está ali, tão vivido, vívido e tão presente, que basta.

ah, navegante...



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