A mulher rósea e rubra cuja imagem estava refletida no espelho era ela mesma. Ela mesma envolta em seus rosados e vermelhos. Em suas seduções e simulações. Ela.
Espanto.
Uma mulher. Não mais garota, não mais uma jovem. Uma mulher.
Ela era. Era ela.
Os dias estavam leves e pesados, em igual medida. A leveza era inconsciente e inconseqüente, e ela se deixava levar. Pesavam a saudade e a solidão de mulher. Onde estariam seus homens?
Sonhava com um ao seu lado, mas se reconhecia em vários. Nenhum, porém, estava perto. Apenas seus espectros sob a forma de lembranças. Apenas.
Difícil viver o luto. Luto de quem não morreu, pelo contrário: seguia vivo e reluzente, disposto e disponível para o amor. Mas não o amor dela, ou para ela, ou com ela.
Não podia tê-los todos, em plenitude e ao mesmo tempo. Ou podia? A vida, um dia, quiçá, incertezas e descaminhos, poderia premiá-la com um deles, um homem que a amasse de verdade – e que despertasse nela esse amor fulgurante –, porém a despedida dos demais doía de antemão. Porque com eles ia um mito, um rito, uma particularidade, um pedacinho de si mesma. Ela também se apaixonava pelas histórias que a uniam a eles, essa era sua especialidade incompreendida. O descaso deles pela história de casal, a facilidade com que se desfaziam do mito fundador do encontro deles e dela, a surpreendia negativamente. E a dilacerava.
Aquela mulher rósea e rubra era assim tão dispensável?
Como esquecer tão facilmente uma mulher rósea e rubra?
O espelho não mentia: por incrível que pareça, a imagem era de uma mulher bonita.
Luminosa.
Rubra – e rósea.
As perguntas surgiam ao despertar, na hora do banho, enquanto bebia água perdendo o olhar no horizonte, na hora de ajeitar o lençol ou de enxugar demoradamente os pratos. E as lágrimas.
Se ela se recordava, por que eles não mais? Por que dispensavam, assim tão displicentemente, a passagem dela por suas vidas? Como apagar de sua memória essas lembranças? Porque ela ficava com as doces, seu inconsciente era diabético e dispensava amarguras e azedices.
Os cheiros de pães e tortas recém-saídos do forno a comoviam tanto quanto a visita fugaz de beija-flores pela manhã. Rósea, a mulher se enternecia com os entardeceres. Rubra, tentava lidar com os pedidos de seu corpo – este que faz sua seleção natural e sensorial com base nos que por ele passam. E dos últimos não se esquecia.
A dor de mulher de uma mulher rósea e rubra é superlativa e poética. Parece um rio de sandices e loucuras deliciosamente prometidas, porém não concretizadas. O amor dessa mesma mulher segue desconhecido: ninguém ainda se aventurou a prová-lo, nenhum homem se arriscou a lançar-se nele –temeroso, talvez, de tornar-se eternamente dependente de tamanha intensidade e jamais ali sair.
O ventinho suave levou consigo um suspiro quase abortado desse peito feminino e maiúsculo.
O espelho, contudo, não deixava escapar mais que o róseo, mais que o rubro daquela mulher inteira. Inteira.
Espanto.
Uma mulher. Não mais garota, não mais uma jovem. Uma mulher.
Ela era. Era ela.
Os dias estavam leves e pesados, em igual medida. A leveza era inconsciente e inconseqüente, e ela se deixava levar. Pesavam a saudade e a solidão de mulher. Onde estariam seus homens?
Sonhava com um ao seu lado, mas se reconhecia em vários. Nenhum, porém, estava perto. Apenas seus espectros sob a forma de lembranças. Apenas.
Difícil viver o luto. Luto de quem não morreu, pelo contrário: seguia vivo e reluzente, disposto e disponível para o amor. Mas não o amor dela, ou para ela, ou com ela.
Não podia tê-los todos, em plenitude e ao mesmo tempo. Ou podia? A vida, um dia, quiçá, incertezas e descaminhos, poderia premiá-la com um deles, um homem que a amasse de verdade – e que despertasse nela esse amor fulgurante –, porém a despedida dos demais doía de antemão. Porque com eles ia um mito, um rito, uma particularidade, um pedacinho de si mesma. Ela também se apaixonava pelas histórias que a uniam a eles, essa era sua especialidade incompreendida. O descaso deles pela história de casal, a facilidade com que se desfaziam do mito fundador do encontro deles e dela, a surpreendia negativamente. E a dilacerava.
Aquela mulher rósea e rubra era assim tão dispensável?
Como esquecer tão facilmente uma mulher rósea e rubra?
O espelho não mentia: por incrível que pareça, a imagem era de uma mulher bonita.
Luminosa.
Rubra – e rósea.
As perguntas surgiam ao despertar, na hora do banho, enquanto bebia água perdendo o olhar no horizonte, na hora de ajeitar o lençol ou de enxugar demoradamente os pratos. E as lágrimas.
Se ela se recordava, por que eles não mais? Por que dispensavam, assim tão displicentemente, a passagem dela por suas vidas? Como apagar de sua memória essas lembranças? Porque ela ficava com as doces, seu inconsciente era diabético e dispensava amarguras e azedices.
Os cheiros de pães e tortas recém-saídos do forno a comoviam tanto quanto a visita fugaz de beija-flores pela manhã. Rósea, a mulher se enternecia com os entardeceres. Rubra, tentava lidar com os pedidos de seu corpo – este que faz sua seleção natural e sensorial com base nos que por ele passam. E dos últimos não se esquecia.
A dor de mulher de uma mulher rósea e rubra é superlativa e poética. Parece um rio de sandices e loucuras deliciosamente prometidas, porém não concretizadas. O amor dessa mesma mulher segue desconhecido: ninguém ainda se aventurou a prová-lo, nenhum homem se arriscou a lançar-se nele –temeroso, talvez, de tornar-se eternamente dependente de tamanha intensidade e jamais ali sair.
O ventinho suave levou consigo um suspiro quase abortado desse peito feminino e maiúsculo.
O espelho, contudo, não deixava escapar mais que o róseo, mais que o rubro daquela mulher inteira. Inteira.
Um comentário:
essa mulher sempre escapa...
vejo ela indo junto com o vento...
eles só percebem a importância dela ... quando elas está a milhas de distância...
ou talvez
eles entendam que ela é livre e eles estão presos para segui-la...
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