Certo dia, não sei quando, meu corpo proclamou independência: quero vida própria. Desvinculou-se da senhora excelentíssima razão e pediu permissão à alma para percorrer aprendizagens particulares e solitárias.
Agora, existe à revelia do que penso, do que quero, até do que sinto. Autônomo, reage inclemente às vibrações alheias. Intumesce, reverbera. Reconhece umidades, cheiros e vontades segundas – equivocando-se às vezes, gozando outras tantas. Meu corpo não partilha todos os seus amigos comigo; há momentos em que me assusto quando me dou conta de que há alguém a meu lado, me olhando simplesmente, numa tentativa quase sempre infrutífera de apreender minha alma por meio de meus poros. Porque nem sempre estamos de acordo, eu e meu corpo, sobre quem realmente temos de deixar entrar.
Meu corpo começa a aprender quando diminuir o compasso e aumentar a escuta. Nessas horas, a alma se aninha, a razão se aproxima, e me sinto inteira e presente.
Um comentário:
Nos manifestamos através de corpos: físico, emocional, mental, ....
Destes o mais sábio e antigo é o físico.
O que mais facilmente se "desvincula" é o corpo emocional, que pode se tornar um "corpaço" de desejos.
Como numa biga de três cavalos, (cena inicial do Bhagavad Gita), para coloca-los no mesmo "compasso", é preciso buscar um alinhamento, uma entrega, uma "escuta" às rédeas sutis que estão na mão da Alma, nosso Eu superior.
O refinamento deste processo na personalidade é o amadurecimento do corpo causal.
Postar um comentário