Ela achava muita coisa. Estava sempre achando – e isso a cansava. Queria concentração para meditar e parar um pouco de achar, mas onde fora parar a bendita concentração?
Uma lembrança empoeirada: aquele senhor que vendia camisetas na frente da Plaza de Toros, em Madri. Segundo ele, antigamente os homens, marinheiros, tinham uma mulher em cada porto. Hoje a situação se inverteu; são as mulheres, voadoras, que têm um homem em cada aeroporto. Que oráculo esse senhor da Plaza de Toros! E ela nem lhe comprou uma camiseta. Ela não havia entendido o prenúncio. Ou se tratava de um anúncio?
Aumentou o volume do aparelho de som, que tocava o CD mais romântico que ela tinha por ali. A ansiedade havia diminuído. Solução mágica essa – escrever. Escrever para ninguém ler, nem ela mesma naquele momento. O personagem Forrest Gump havia conquistado um Oscar por correr, correr e correr. Atravessar os Estados Unidos correndo. Ela escrevia, escrevia e escrevia para se percorrer. Ganharia, talvez, o capuccino gelado pelo qual salivava. Isso, menina bonita, bom trabalho. Sobreviveu a mais uma prova da existência. Ultrapassou os limites da realidade nua e crua para o sonho nu e cru. Que é quase uma realidade agora. O volume quase chegava ao máximo. O vento sumira. O tempo passava, incoerente. Como o tempo passa se eu não me movo? Quando se deu conta disso, há anos, de que o tempo passava independentemente de qualquer imobilidade, de que o tempo era o único a ter o privilégio de jamais ser imobilizado, desiludiu-se. Quer dizer que a sociedade capitalista disse, ao menos, uma verdade para a gente? Que tempo vale ouro, que tempo é dinheiro, que a gente precisa produzir senão perde tempo, que perda de tempo é suspirar ou não trabalhar, que inútil é quem não aproveita o tempo, que o tempo voa. Bem, as mulheres também voam, falou o senhorzinho da Plaza de Toros.
E ela embarcou no vento, sem achar nada.
Ela era a mulher da saia rodada e florida, do sorriso no rosto, do belo buquê de gérberas cor de rosa nas mãos em pleno lusco-fusco. Era ela.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
micro trend: maybe this is 'something'
llama, contesto, invita, voy, habla, escucho, comparto, acoge, me toca, le toco, me abraza, me aprieta, le abrazo, le beso, me besa, juntos llegamos a las sábanas, al amor huidizo que dura mientras dure, aunque dure. Enseguida, coge su ropa, cojo la mía, dice cualquier cosa, escucho, yo en silencio, él también, un vaso de agua, el tiempo urge, hay que–, la despedida a la carrera, vete, vate, un abrazo por formalidad, a veces no hay beso en la mejilla, la calle, mi sudor, su olor, nuestras sensaciones. Me callo, se calla, me enredo, desaparece, vida/ vida/ vida/ vida/, escribe, escribo,
llama
llama
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